terça-feira, 24 de agosto de 2010

EFEITO DE PRODUTOS FINAIS DE GLICAÇÃO AVANÇADA SOBRE O ÍNDICE DE APOPTOSE DE ILHOTAS PANCREÁTICAS

EFEITO DE PRODUTOS FINAIS DE GLICAÇÃO AVANÇADA SOBRE O ÍNDICE DE APOPTOSE DE ILHOTAS PANCREÁTICAS MURÍDEAS
Costal FSL1; Coimbra CN1; Oliveira ER1; Passarelli M2; Correa-Giannella MLC1
1Disciplina de Endocrinologia e Metabologia Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP); 2Departamento
de Clínica Médica da FMUSP
8º congresso paulista de diabetes e metabolismo. Águas de Lindóia, 15 a 18 de maio 2008. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia.

Introdução: A falha na produção de insulina pelas células-b do pâncreas é uma característica comum do diabetes melito (DM) tipo 1 e tipo 2. Várias evidências sugerem que a apoptose seja a principal forma de morte das células-β nestas desordens, devido às características inerentes ao seu fenótipo especializado, inclusive no DM 2, em que a glico e a lipotoxicidades podem induzir apoptose. Os produtos finais de glicação avançada (AGEs) que se formam a partir de proteínas cronicamente expostas à hiperglicemia interagem com o receptores scavenger tipos I e II (Scarb 1 e 2), CD36, e com seu receptor específico (AGER) e desencadeiam vias de sinalização que induzem estresse oxidativo, aumento de citocinas inflamatórias e aumento da transcrição do NF-κB, com conseqüentes danos celulares. Estudos em linhagens de células-β e em ilhotas pancreáticas demonstraram que os AGEs podem causar diminuição da biossíntese da insulina e estresse oxidativo capaz de desencadear apoptose, contudo, os efeitos dos AGEs sobre a viabilidade de ilhotas pancreáticas não foram extensivamente investigados.

Objetivos: Investigar a expressão de receptores de AGEs em ilhotas pancreáticas murídeas, bem como os efeitos dos AGEs no índice de apoptose de ilhotas mantidas cronicamente em concentrações suprafisiológicas de glicose.

Material e Métodos: Ilhotas extraídas de ratos Wistar mantidas em meio de cultura contendo 23 mM de glicose foram tratadas com 5 mg/L de uma das três preparações de AGEs (albumina glicada, glioxal ou metilglioxal) por 48, 72, 96 e 120 horas. Para a análise da apoptose celular, foi utilizado o método de detecção de fragmentação de DNA (kit cell death detection Elisaplus) e a expressão dos genes Scarb 1, CD36 e Ager foi avaliada por RT-PCR.

Resultados e conclusões: As ilhotas pancreáticas expressam RNA dos três receptores de AGEs analisados. Em 48 horas, os AGEs promoveram diminuição do índice de apoptose em relação às ilhotas não tratadas, enquanto após 72, 96 e 120 horas, os AGEs aumentaram o índice de apoptose em relação às ilhotas não tratadas. O aumento do índice de apoptose de ilhotas em cultura expostas aos AGEs por períodos prolongados está de acordo com os dados disponíveis na literatura para outros tipos celulares, entretanto, o achado de redução do índice de apoptose observado em ilhotas expostas aos AGEs por 48 horas foi inesperado. Sabe-se que a interação dos AGEs com o AGER ativa o NF-κB, um fator de transcrição crítico para a expressão de genes pró- e antiapoptóticos, dependendo do tempo de exposição, do tipo celular e da cronicidade do estímulo. Assim, como o evento final na célula reflete um balanço entre os fatores pró e antiapoptóticos, pode-se levantar a hipótese de que em menores tempos de exposição, os AGEs favoreçam um perfil antiapoptótico das ilhotas pancreáticas, mas que a cronicidade do estímulo favoreça um perfil pró-apoptótico, o que poderia contribuir para a perda de células-β em situações de hiperglicemia crônica.

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